quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Devaneio (sim, de novo!)

E começa assim.

    Ciano, Azul, Marinho, Escuro, Cinza: As cores que formavam o degradê do mar que eu estava vendo. Cheguei lá por volta de onde o sol se esgueirava da direita pra esquerda, lento. Calmo. Sem pressa. Sozinha. Assim como eu.
   Estava lá por não querer a companhia de ninguém do meu vilarejo, todos estavam lá, se deliciando com as comidas e bebidas feitas em homenagem à minha meia idade adulta de vida, todos com o mesmo pensamentos há séculos à fio. A vida não deveria ser somente guerra, medo, afazeres domésticos e casamento, disso eu tinha certeza. absoluta. Deveria haver outras coisas além disso a serem feitas e era nisso que meu coração se apoiava para não cair em meio a mesmice que vivia há anos.
   As cores lindas que eu via me inebriavam, pois minha cabeça ia longe, me imaginei flutuando pelo mar e chegando no penhasco do outro lado da baía onde eu me encontrava. Pensei que se sentasse lá no topo, poderia me sentir melhor e por isso me levantei com areia grudada em todo meu vestido longo, amarrei a barra do lado esquerdo para liberar meus movimento e prossegui pela beira do mar . Claro que eu não era a  única que pensava assim. Fiquei sabendo que Kate, uma das nossas no vilarejo, teve seu insight em uma clareira no meio da floresta e ela mesma jurou que não sabia voltar. Pensei que talvez tivesse o meu insight em breve. Pensei também que talvez eu já tivesse tido o meu mas não havia percebido. Meus passos me levaram até o paredão da montanha que, por sorte, tinha uma trilha que era possível alguém do meu porte alcançar o topo.
  Assim eu consegui, sei lá como pois era mais íngrime do que eu havia pensado. Sentei-me na ponta para que meus pés pudessem ficar acima das águas, para que eu pudesse vê-las sem que elas tocassem o tecido úmido que cobria a praia até o horizonte. Foi assim que me senti bem, me senti em casa. Encontrei um lar.


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