segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CAP. 13 - Once Upon a time

CHAPTER THIRTEEN


Os restos de fogueira crepitavam no centro do acampamento. Todos dormiam em suas camas improvisadas, duas pessoas faziam a vigília, o comerciante dono das mercadorias e Razar, só para se certificar que tudo ficaria bem para todos, caso houvesse algo fora do comum naquela noite em específico, o velho Mago sabia que a floresta de acesso ao centro de Adalif ficava esquisita lá pelas horas em que a Lua ficava no meio das árvores mais altas. Batia uma brisa leve fazendo os cabelos esvoaçarem um pouco, mas não chegou a deixar a noite gelada, os outros homens que viajavam com o comerciante estavam deitados também e um rapaz mais gordo roncava baixo, Razar achava que tudo estava normal demais. Quando a lua ficou exatamente entre as árvores mais altas, o velho percebeu que a prisão da bruxa começou a estremecer um pouco, sentou em uma pedra ao lado e ficou a observar aquela insolente, malvada e fria bruxa que um dia foi a pessoa que mais havia amado no mundo inteiro.
- Ora, Não olhe como se estivesse com dó. Esse patife merece estar aí. – Disse o comerciante sem paciência, ele estava um pouco nervoso, sabia que as coisas estavam começando a parecer esquisitas – Fique atento, parece que estou vendo uma movimentação no meio daquelas árvores alí – Apontou para o outro lado do acampamento e Razar observou mais atento que eram somente alguns cervos que estavam andando de um lado para o outro, estavam agitados, isso era estranho.
- São cervos, comerciante. Vamos ficar por aqui, estou sentindo cheiro estranho de esquisitices. – Disse Razar, o comerciante não se conteve e soltou uma gargalhada.
- Esquisitices? Então você do tipo daqueles velhotes que não batem bem na cabeça não é? Bem que eu havia percebido, ora, velho, não se preocupe, esses seres não existem!
Razar percebeu o ceticismo daquele inocente e tolo comerciante e fingiu ser um velho batuta, preferia preservar a ignorância daquele nome. Quanto mais ele saberia, mais coisas estranhas e ruins iriam acontecer, decidiu respeitar isso e ficou procurando para ver os cervos agitados. Não tirou os olhos de Viviane, pouco depois, Oliver, Melissa e o rapaz gordo se levantaram e  comerciante e Razar puderam descansar as poucas horas que antecediam ao nascer do sol. Logo depois, pela manhã, todos haviam arrumado as coisas para seguir em frente, a estrada estava irregular, os cavalos sofriam um pouco com o solo desnivelado e as curvas, subidas e descidas que o caminho proporcionava, Melissa notou os cervos e pareciam estranhamente agitados, como se fugissem de algo perigoso, era dia e ela não se preocupou com isso, a bruxa definhava dentro da Jaula e por um instante a Feiticeira viu um lampejo castanho e inocente nos olhos de uma mulher prisioneira numa jaula encantada, tão logo uma empatia chegou ao coração da moça, foi embora. Ela era Viviane, alguém egoísta que não media esforços para ter tudo que queria, era ambiciosa e trapaceira, roubava sonhos e amores para ver as pessoas sofrerem, para ver a miséria que havia dentro de si nas atitudes humanas causadas pelo desespero. Eles seguiram o caminho dizendo poucos palavras, Oliver ficou o tempo inteiro ao lado da jaula junto a um rapaz da mesma idade com quem fizera amizade, o rapaz vinha das bandas do norte e contava a Oliver tudo o que sabia sobre o mundo fora dos Alpes, seu nome era Benjamin, seu pai era o comerciante dono das especiarias e outras mercadorias que estavam carregando até o Centro de Adalif. Não encontraram ninguém no caminho, ninguém estava voltando e tão pouco indo para o Reino. Quando o sol estava no auge, fazendo todos suarem e ficarem cansados o comboio parou para comer e deixar os cavalos tomarem água, Razar estava apressando o grupo, pois havia lembrado de um caminho que nos levaria ao reino em poucas horas, mas que só poderia ser atravessado durante o dia. De um jeito ou outro todos acabaram concordando que a estrada estava tensa e que todos estavam se sentindo mal por alguma razão que todos assentiram ser o clima fechado da Mata,  Benjamin comentou dos cervos, mas parecia que somente Melissa e Razar haviam percebido o quão diferentes aqueles animais pareciam. Com receio, medo e exasperação o comboio partiu mais adentro da floresta.

Parecia estranho. Depois de estarmos viajando mais de vinte e quatro horas foi que percebi que eu era a única mulher dentro daquele comboio, qualquer outra se sentiria deslocada, mas eu me sentia mais segura e com certeza estava com menos medo do que o cara gordo e o magricela com um chapéu de lado. Benjamin começou a me contar das coisas que havia fora dos Alpes e me encantei com a possibilidade de coisas que eu poderia fazer, caso tudo ficasse bem eu poderia viver as coisas que Ben já vivera, isso me faria muito bem. Oliver e eu revezámos para vigiar a bruxa, ela me enojava e percebi que toda que vez que eu tirava meu colar do pescoço uma onda forte de mal estar me acertava em cheio, decidi que era seguro eu ficar o tempo todo com o incrível colar da vovó, Viviane não tinha dito nada o tempo inteiro, ficou com uma cara de nojo e amuada, apesar de tudo, estávamos fazendo o mínimo para que ela não morresse, então pão e água era o suficiente para que ela não partisse mas o insuficiente para matar a fome. O caminho que Razar estava no levando era, de longe, pior que a estrada onde estávamos, os pedregulhos machucavam os pés e os cavalos pareciam tropeçar em tudo que estava pela frente, por burrice minha e desatenção de todos nós foi que eu entendi tudo ao chegarmos em uma caverna onde não havia mais nada nada, a não a bendita caverna.
- Pode nos explicar o que está acontecendo Razar, o que você está fazendo? – Perguntei de canto.
- Os cervos estavam agitados porque Viviane estava tentando controlá-los para nos atacar a noite, ela abala a natureza, essa mulher é uma aberração, destrói tudo que passa em sua frente. Não é seguro ir pela floresta. Esse túnel é de longe o pior que você verá está me entendendo? – Olhou nos fundos dos meus olhos, senti medo.
- Certo. O que faremos?
Entramos na caverna com tochas que eu, surpreendentemente achei perto de uns rochedos e fiz um fogo de última de hora, pelo menos o comboio engoliu essa, menos Ben. A Caverna era escura e receávamos mais pela bruxa estar no escuro com mais ou menos 10 pessoas inocentes do que qualquer outra coisa, Oliver empurrava a jaula para ter certeza que a megera não tivesse forças para fazer nada, é isso mesmo, ensinei a Oliver alguns princípios básicos da magia, coisa simples, conexão telepática de nível um, fiquei orgulhosa, meu irmão tinha uma pré-disposição maravilhosa para ver o que era a magia, isso me deixou um tanto quanto fascinada. Alguns morcegos nos assustaram pelo caminho, mas não estávamos nem perto de saber o que estava mesmo nos deixando nervosos desde o momento que havíamos pisado dentro daquela caverna.


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